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O projeto Ode à Entropia tem como ponto de partida o registro fotográfico de um dos objetos afetados pelo drástico vazamento d’água ocorrido em meu antigo atelier, em Porto Alegre. O local esteve fechado por três meses quando o acidente aconteceu, e por isso, criou-se um microclima onde a água retida entrou em contínuo ciclo de condensação e evaporação. Era como se chovesse lá dentro, literalmente. Entre os muitos itens destruídos, havia um protótipo que consistia numa montagem díptica unindo uma vista aérea fotografada por mim à tentativa de replicar o mesmo enquadramento no Google Earth. A dissolução ocorrida nas imagens impressas a jato de tinta provocou manchas fluídas que lembram aquarelas. Agora ambas representações miméticas estão mescladas à abstração resultante da ação da água. O projeto resulta da contraposição de registros feitos em diferentes escalas dessa peça inseridos em chapas de aço Corten, que seguem em contínuo processo de transformação química.
Imagem do protótipo que foi fotografado servindo de base para criar Ode à Entropia
Ode à Entropia é um projeto dedicado aos ciclos de transformação, e, em consonância com sua temática, a forma material também segue em constante mudança. Primeiramente pela escolha do aço Corten, cuja superfície é altamente reagente às variações climáticas e com a passagem do tempo sua aparência sofre alterações significativas. O retângulo vazado – onde a fotografia é fixada por trás com ímãs de neodímio – está posicionado em um local diferente em cada peça, seguindo uma dinâmica que se relaciona tanto com a imagem específica que será vista naquela estrutura, quanto ao arranjo perante o grupo. Nas duas montagens iniciais, a distribuição das fotografias seguiam do plano mais aberto ao mais fechado até chegar no meio e inverter, criando uma espécie de onda. Apesar das primeiras apresentações serem compostas com sete imagens, diversos grupos foram concebidos, entre dípticos, trípticos e polípticos. Ou seja, a série prevê múltiplos arranjos.
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